terça-feira, 27 de janeiro de 2009

BBB é cultura? Onde?

Caros amigos,

É lamentável ver um jornalista como Pedro Bial gastar parte de sua bagagem intelectual para tentar convencer sabe-se lá quem de que o BBB é sinônimo de educação e cultura. O programa é aquilo que é e pronto! O BBB pode ser tudo menos sinônimo educação e cultura.
A Globo se propôs a exibir um reality show que, na minha humilde opinião, é sinônimo de inutilidade, inimizade e futilidade. Sem falar do forte apelo sexual e incentivo ao consumo de álcool e cigarros! Portanto, se torna ridículo tentar convencer quem está assistindo ao BBB justamente pelo fato dele não ser educativo e nem cultural. Quem está assistindo o BBB é porque tem interesse em ver o que está vendo, ou seja, aquilo que é o perfil do programa: muita pegação, baladas etílicas e relacionamentos baseados na disputa por um prêmio maior.
Se quem assisti ao BBB estivesse interessado mesmo em cultura, certamente não estaria ali na frente da TV esperando o textinho pronto do Bial. Livros e outros programas seriam opções bem mais interessantes e convincentes.
Não quero bancar aqui o puritano, mas, é que me causou incômodo escutar o Bial dizer que Big Brother também é cultura.
Bem... não preciso explicar que escutar não é assistir. Acho que, pelo texto acima, já deu para deduzir que não vejo o BBB.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Meus heróis...


Texto escrito em 19/04/08 - por Leo Rios

Confesso que me dá saudades da época em que meus heróis e ídolos não eram fenômenos e nem se intitulavam com adjetivos dizendo: "eu sou cara." Os heróis da minha época eram sim apenas seres humanos talentosos e brilhantes em suas atividades profissionais e pessoais, esta última considero a mais importante.

Conseguiam ganhar corridas de automóveis no braço, em baixo de chuva, com apenas duas marchas, sem suspensões eletrônicas e câmbios ultramodernos. E os adjetivos, rótulos e carimbos, esses, vinham do povo, da massa!
Outros passaram suas vidas defendendo praticamente uma ou no máximo duas camisas. Esses sim podiam com sinceridade beijar o escudo dos times que defendiam e ouvir seus nomes em milhões de vozes pelos gramados do Brasil. Lembro-me de como era inflacionada e difícil conseguir a figurinha do Zico pra completar meu álbum! Hoje, com os jogadores mudando quase que diariamente de times, os fabricantes de álbum de figurinhas iriam a falência.

Comparando com nossos antigos heróis, percebemos que os ídolos de hoje perderam o brilho e mais, o caráter também! Egocêntricos, medíocres e egoístas, são obrigados a vestirem os mesmos uniformes de marcas famosas, dirigem os mesmos importados de luxo e enfraquecem seus "super poderes" em orgias com drogas, prostitutas e travestis. São fenômenos? Talvez sejam mas são, sem dúvidas, fracassados em uma sociedade carente de bons exemplos e heróis de verdade. Bons exemplos como o do recifense Rodrigo Caldas Dantas,18 anos, família extremamente pobre, primeiro lugar geral em medicina na Universidade Federal de Pernambuco!

E os vilões daquela época? Lembra? Até esses tinham classe e estilo na hora de elaborar seus planos maléficos. Como era o caso do Lex Luttor, do Pingüim e do Coringa. Eles arquitetavam suas perversidades mas davam chance de defesa aos heróis que sempre se desamarravam a tempo de desligarem a serra elétrica ou destruirem a cripytonita, única coisa que enfraquecia o Super Homem.

Já sobre os vilões de hoje, prefiro nem comentar... A impressa já vem fazendo isso muito bem.

Quantos aos meus heróis do passado, mesmo morrendo de over dose tinham uma ideologia pra viver...ou pra morrer...

Os jovens


Texto escrito em 22/10/08 - por Leo Rios

Quais são os sonhos da maioria dos jovens e adolescentes de uma periferia de qualquer cidade do Brasil? Será que eles têm os mesmos sonhos e ideais de vida dos jovens de 20 ou 30 anos atrás? Será que sabem o que são ideais? Será que são motivados a tê-los?

Outro dia estava num lava-jato e ouvi um dos lavadores de carros dizendo aos colegas que não iria deixar sua mãe em paz enquanto ela não liberasse o cartão do banco para que ele comprasse um tênis igual ao do Ronaldinho pra sair abalando e apavorando com a galera. Tenho que concordar que pelo visual do moleque, estilo jogador de futebol, o que lhe faltava era realmente um tênis desses que vemos nas propagandas sendo usado pelos grandes craques.

Você deve estar se perguntando: mas o que tem haver tênis com sonhos, jovens e lavador de carros? Bem... não deveria ter nada haver, mas, como vivemos no mundo do ter e não do ser, percebo que no ideal da maioria dos jovens, e ai incluo todas as classes sociais sem exceção, o fato de ter um tênis, um piercing, um cabelo, celular, uma tatuagem ou um estilo igual aos dos grandes astros da mídia é muito mais importante do que ser um jovem com um projeto de vida voltado para os estudos ou trabalho que possa levá-lo a um outro tipo de sucesso.

Mas que outro tipo de sucesso interessaria aos jovens de hoje, se muitos já fazem "sucesso" com suas comunidades no Orkut, seus vídeos no You Tube e suas vidas baseadas no melhor estilo Malhação, Rebeldes e High School Music?

Outro dia me peguei assistindo um desses seriados e achei interessante o fato estarem em uma escola, mas, ninguém ali ter objetivo de estudar. Parece que o intervalo ou o que chamávamos de "recreio" é eterno, nunca termina! E as poucas cenas em que os alunos estão em sala duram apenas 05 segundos e logo depois o professor dá a aula por finalizada.

Mais que os estudos, a vida desses personagens tem como apelo intenso os inúmeros namoros que rolam entre eles e a super valorização de perfis fashion e sexy com que levam suas vidas fúteis. Esses são os ídolos dos nossos filhos!

Numa juventude que quer ter antes ser, quer parecer antes de se tornar, a ordem dos fatores está, sim, alterando o produto e o resultado tem sido o de uma juventude sem valores e ideais que inconseqüentemente atropela suas fases e não sabe lidar com suas frustrações. Pobres Eloá e Lindenberg...

Só precisamos lembrar que os jovens não são os únicos membros dessa sociedade, antes deles estão os adultos que têm a educação dos jovens como tarefa, mas, como diz abaixo a nova música de Gilberto Gil: "Os pais estão preocupados demais..."

Os pais
música e letra: Gilberto Gil e Jorge Mautner

Os pais, os pais
Estão preocupados demais
Com medo que seus filhos caiam nas mãos dos narco-marginais
Ou então na mão dos molestadores sexuais

E no entanto ao mesmo tempo são a favor das liberdades atuais!
Por isso não acham nada demais
Na semi-nudez de todos os carnavais
Na beleza estonteante e tão natural
Da moça que expressa no andar provocante
A força ondulante da sua moral
Amor flutuante acima do bem e do mal

Os pais, os pais
Estão preocupados demais
Com medo que seus filhos caiam nas mãos dos narco-marginais
Ou então na mão dos molestadores sexuais
E no entanto ao mesmo tempo são a favor das liberdades atuais
Por isso não podem fugir do problema
Maior liberdade ou maior repressão
Dilema central dessa tal de civilização
Aqui no Brasil, sob o sol de Ipanema
Na tela do cinema transcendental
Mantem-se a moral por um fio
Um fio dental!

Cada palavra no seu quadrado


Texto escrito em 28/10/08 - por Leo Rios

Em tempos de MSN e Orkut os sentidos e aplicações das palavras não tem sido levados muito a sério. E olha que não são palavras tão difíceis quanto aos seus significados mas, a falta de uma análise maior antes de empregá-las tem causado essa má utilização! Vejamos, por exemplo, a palavra amor que, banalizada, tem sido vitima fácil dos barbeiros gramaticais.

A palavra vem sendo má utilizada até pelos jornalistas e principalmente em programas de tv que trazem a público matérias cujo o conteúdo abordam pessoas que amam de mais e por conseqüência ficam doentes e até matam em nome do amor! Bem... segundo o nosso velho e bom conhecido pai dos burros, o dicionário, a forma conjugada amar, que está no transitivo direto, significa: ter amor, afeição, ternura por, querer bem, apreciar muito, estimar e gostar de. Diante do meu humilde entendimento e do que está posto na definição do dicionário, não temos nada que ligue o ato de amar a doença, possessividade, sofrimento e morte.

Por isso é estranho ler uma frase, um texto ou ouvir de alguém um discurso onde uma palavra que tem ligação com o divino esteja sendo associada a uma conotação maléfica ou de inferioridade. Sendo mais claro, de acordo com significado e origem da palavra amor, não deveríamos, por exemplo, concordar com a frase "matou por amar demais". Ora se alguém "ama demais" a ponto de ficar doente, viver em função, não se valorizar, perder oportunidades, não se alimentar e até matar, então, isso não é amor e muito menos amor demais! É definitivamente outra coisa, outro sentimento. Portanto, a frase correta seria: "matou por não amar".

Neste sábado um jornal de grande circulação em nosso estado publicou uma matéria de capa com o título: Quando o amor mata. A matéria, muito bem escrita, explica que o ciúmes ao extremo é uma doença que não deve ser subestimada. No texto, depoimentos de psicanalistas e profissionais da área orientam, devido aos últimos acontecimentos, sobre os cuidados a serem tomados por pessoas que vivem em relacionamentos marcados por este sentimento. A única ressalva que faço sobre a reportagem se refere ao título que utiliza a palavra amor de forma incorreta pois, o amor não mata e como cantou Renato Russo: "O amor é bom, não quer o mal, não sente inveja ou se envaidece... é solidário andar por entre a gente..." Então tudo que for contrário a isso não é amor, mas, ausência dele!